CARTA ABERTA
ao
Presidente do Conselho de Administração
da
Infraestruturas de Portugal S.A.
Lisboa, 02 junho de 2021
Senhor Presidente, ao lermos a sua comunicação alusiva ao 6º aniversário da IP, não podemos deixar de fazer alguns reparos.
O Sr. Presidente afirma que decorridos 6 anos, a IP deu grandes saltos qualitativos.
Deu, claro que deu, se apenas considerarmos os projetos tecnológicos e outros em que a IP se encontra a participar, porque se olharmos para o interior da mesma, vamos encontrar pessoas e essas pessoas tudo têm feito para que a IP esteja com a ‘consolidação’ que o senhor Presidente afirma.
Mas essas pessoas apesar de tudo fazerem para que a consolidação da empresa seja uma realidade, a empresa pouco tem feito para que os saltos qualitativos também sejam visíveis no seio dos trabalhadores, de forma a consolidar a igualdade, a equidade, o bem-estar entre estas pessoas.
As diferenças salariais entre pares, as diferenças contratuais, as diferenças de direitos, fazem pessoas apáticas e trabalhadores desmotivados.
É preciso e urgentemente, dar respostas concretas aos trabalhadores da IP.
Tornar Portugal um sítio bom para morar e trabalhar é um excelente compromisso e que deve ser tomado de forma séria e sem qualquer sombra de dúvida.
As características naturais são de inequívoca beleza e satisfação, o que pelo contrário, as características políticas, de decisão, de administração…têm muito pouco de belo e não são de plena satisfação.
Os fossos salariais entre administradores e gestores que estão ao nível da europa e os do geral dos trabalhadores são enormes (e que de europeu nada têm) o que faz que a maioria dos trabalhadores estejam cada vez mais longe do objetivo de Portugal ser um país bom para se viver e trabalhar.
No entanto, é sempre bom saber que o Sr. Presidente tem a noção (nós sempre tivemos), da existência de equipas de elevada performance profissional no seio da IP. Mas os trabalhadores não vivem de louvores.
Os trabalhadores por serem tão bons profissionais merecem ser devidamente renumerados, e já lá vão muitos anos sem os devidos aumentos.
Sr. Presidente, permita que lhe digamos, que para nós trabalhadores, todos os dias são desafios novos e que estamos completamente dispostos a uma entrega diária.
Mas este sentido e sentimento de entrega, dispostos a aprender para inovar e evoluir se não for devidamente recompensada vai diminuindo.
Se queremos, como empresa, construir novas vias, descobrir novos caminhos e de fazer as pontes que nos ligam a um futuro promissor, temos obrigatoriamente de valorizar quem planeia, quem projeta, quem supervisiona, quem constrói.
Não será certamente com uma empresa onde os técnicos superiores são tão mal pagos. Não será certamente numa empresa onde não se dão oportunidades aos trabalhadores de subir em termos de carreira, apesar de terem as devidas competências/qualificações para tal. Não será certamente numa empresa onde as escalas de serviço são desumanizadas.
Não podemos continuar a ser uma empresa em que transversalmente, os trabalhadores são mal pagos.
Pois, é preciso olhar em frente, perspetivar e alinhar os trabalhadores da IP com a realidade que se pretende dar à empresa.
É urgente a valorização geral dos trabalhadores.
É urgente a igualdade entre trabalhadores.
É urgente uma administração que olhe para a empresa num todo.
